A pintura de Paim surge a partir da sua primeira exposição individual num estilo já definido e singular, que equilibra os termos visuais do seu vocabulário abstrato com sugestões realistas, reajustadas ao nosso hoje. “Os meus primeiros trabalhos já tinham alguma coisa desse estilo”, declara o artista, reconhecendo nele a influência do seu desenho e gravura, desenvolvidos anteriormente. 

 Ao iniciar um projeto, o artista não está conscientemente preocupado em expressar  idéias pré-determinadas. As formas que cria podem partir da lembrança de aspectos da nossa cidade, codificados em cores e grafismos, luz e sombras que se desdobram, se escondem ou se revelam imperativas, mas o que impulsiona Paim é a própria pintura, a busca em desenvolver no branco da tela o seu conceito de arte, ciente de ser este o seu meio de expressão: “Sabia que era isso ou nada”.

 A despeito do caráter abstrato da pintura de Paim, ela é mais intelectual do que intuitiva e apela para a imaginação do espectador. O seu crivo pessoal determina como vai fazer para expressar visualmente as impressões que certas imagens lhe deixaram, os sentimentos que outras provocaram, traduzidos nas grandes formas bem pensadas, em um cromatismo exato. O desenho das linhas brancas ou negras dos grafismos sobre ou entre as cores das formas, seguem em busca da delineação da figura humana, equilíbrio difícil que o artista impõe sobre a abstração dessa pintura limpa, original e atraente. 


Paim’s paintings come since his first show in a very specified and unique style, which balances the visual terms of his abstract vocabulary with realistic sugestions, rearranged to our today. “Since my first works i knew the way to go”, says the artist, recognizing that the essence of his art were carved by his early age drawings. 

 When he starts a project, the artist isn’t concerned in expressing previous ideas. The shapes he creates may come from memories of long ago in a random caleydoscope, translated to colors and graphisms, light and shadows unfolded, hiding and showing up joyfully, like good poetry does, but what really turns him on is the painting itself, the search of bringing life out from the canvas white, aware of being this his way of expression: “I knew this is it”.

 
Despite of first sight Paim’s paintings abstract aspect, it seems to be more rational than intuitive that game of hide/show and appeals to viewer’s imagination to let the magic happen. His inner eye guides the way of expressing images printed in his mind, the feeling put in everyone of them translated to large and exact forms, in sharp colors. The trace of black and white lines scratched over or under the colorful shapes, trying to unfold the human figure, hard balance driven by the artist over this clean, original and atractive paintings

 

 Matilde Matos

(da ABCA e AICA)